Olá a todos!
Espero que as férias de Carnaval tenham sido boas e que esteja tudo com muita vontade de trabalhar!
Deixo-vos aqui um texto adaptado do IST (Instituto Superior Técnico) que remete para um link que achei acessível e interessante e algumas fotos de ideias para a decoração do quarto de dormir da Ecocasa. Para verem com mais pormenor, consultem os sites:
www.re-modern.com
www.daxstores.com
As propostas são engraçadas!
Beijinhos!
escrito por Teresa Henrique
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Documento adaptado de informação do IST
ResponderExcluirVou dar os conselhos que posso, não especificamente sobre eólicas e solar, mas mais gerais. Parto do princípio que existe um arquitecto. Se houver (e deve haver) cabe-lhe a ele, também, uma parte significativa no aconselhamento e na pesquisa.
1º - O pior que há a cuidar numa casa tem a ver com humidade e não com a temperatura. A humidade é que provoca doenças, a deterioração dos materiais, e faz com que a sensação de frio seja mais difícil de suportar. Paredes húmidas e águas infiltradas são o pior de tudo. Neste sentido há que observar bem o local de implantação para ver se não se vai construir sobre uma linha de água. As linhas de água do terreno podem ser subterrâneas e não se verem com facilidade. Mas um arquitecto tem a obrigação de saber analisar o declive do terreno e dos terrenos próximos, além do seu tipo, para ter alguma ideia sobre este assunto. No entanto, na época do verão e, sobretudo, nestes últimos anos sem água, pode não haver indícios dela no terreno, vindo a manifestar-se com tempo mais chuvoso. É sempre boa ideia consultar as pessoas mais antigas da localidade, caso haja dúvidas sobre o comportamento da terra com tempo húmido.
O melhor revestimento para as paredes interiores é o estuque feito à maneira antiga, que não é o que hoje em dia se usa mais. Este estuque absorve a humidade excedente e fica sempre com aspecto seco.
Aliás, aparte alguma excepção, acho que os materiais tradicionais da região serão provavelmente os melhores. Atenção que há equipas de construção que já não sabem trabalhar com materiais tradicionais e “impingem” sistematicamente os processos que para eles são mais rápidos.
2º - Tanto quanto sei (mas o que sei está pouco actualizado no que respeita a materiais actuais) os materiais isolantes também podem evitar o arejamento conveniente da casa. Em qualquer situação (se a casa fosse minha era isso que achava) o mais importante tem a ver com arejamento, porque a casa precisa de respirar. Os nossos corpos libertam humidade para além daquela que provocamos na cozinha ou na casa de banho.
3º - A questão da temperatura (logo do ambiente) passa por evitar tudo o que são pontes térmicas. Há um processo de construção que é muito comum usar, em que uma das paredes (em paredes duplas) de tijolo passa por fora dos pilares, tapando-os face ao exterior e, assim, evitando o contacto directo com o interior através do pilar. Isto provoca paredes mais grossas do que é normal (actualmente) e, eventualmente, uma laje mais saliente do que os pilares. Foi assim que construí a minha casa e nunca me arrependi.
Quanto mais vidro tiver (mesmo que seja duplo), maiores serão as amplitudes térmicas nas salas correspondentes. Os tradicionais alpendres, virados a sul ou a poente, as palas, as árvores de folha caduca frente à casa, são óptimas formas de evitar o sol no verão e de o fazer entrar no Inverno. E, note bem, no projecto e na definição de materiais, está uma boa dose do equilíbrio térmico da casa. O princípio essencial para manter a temperatura de uma casa está na relação entre a superfície exterior (paredes e cobertura) e o volume de ar interior. Quanto menor for a extensão da superfície, menos trocas se fazem com o exterior; quanto maior for o volume de ar, maior será a inércia térmica. Seguindo esta ideia, o cubo é a forma ideal.
Note também bem: A questão da sensação de frio e de calor, é subjectiva. Varia consoante o grau de humidade. Além de que varia muito consoante os hábitos de vida dos seus habitantes.
O melhor para enfrentar o frio e o calor é aceitar que são coisas naturais e que o nosso corpo tem a capacidade de lidar com amplitudes térmicas. É aqui que devia começar o “ambientalismo”. Essa é a minha opinião.
Para além de tudo o que se possa incluir como ambientalmente correcto – painéis solares, eólicas, recuperadores de calor (a lareira simples não é um aquecimento eficiente) – devemo-nos capacitar que cada casa tem zonas e que haverá sempre uma zona mais fresca, boa para os dias de verão, e outra mais quente, boa para os dias de Inverno.
Pela razão acima, as casas antigas, em que o espaço não era um problema de dinheiro, tinham mais do que uma sala de estar. Lembro-me que na casa dos meus avós era hábito mudar a localização dos quartos e salas consoante as estações de frio ou de calor. Isto dentro de Lisboa numa casa imensa, claro está. Sei que não é hoje comum abordar a habitação enquanto espaço espacialmente mutável, porque há a limitação constante das áreas. Mas a polivalência dos espaços é muito importante para esta coisa do frio e do calor, porque permite “fugir” para as zonas mais frescas da casa no verão ou para as mais quentes no Inverno. Cada casa tem sempre uma zona melhor para cada estação do ano.
O problema fundamental da temperatura é querermos tudo:
A – que os nossos corpos não tenham o trabalho de se adaptar (e esta preguiça pagamos caro com a doença!)
B - que os nossos corpos vistam o vestuário da moda, frequentemente pouco ajustado, na forma como nos materiais, às temperaturas extremas. A lã pura já caiu em desuso, assim como as fibras naturais que são constantemente suplantadas pelas artificiais. E é sabido que os sintéticos não proporcionam o mesmo grau de arejamento e/ou de aquecimento!
C – que cada espaço da casa esteja “bem” em todos os dias do ano.
Com estas exigências máximas torna-se difícil manter a utilização dos materiais e da energia em níveis, de facto, ambientalmente sustentáveis. O que se faz é protelar a entrada no abismo...